Tahrir: Os dias da revolução no Egito, de Alexandra Lucas Coelho

02.07.2012 - Livro

TAHRIR: UMA VIAGEM PELO EGITO NOS DIAS DA REVOLUÇÃO

Sobre o livro

Um tema recorrente, sempre que se fala de livros, é o de se saber se a reportagem jornalística pode ou não ser considerada literatura. A resposta sempre me pareceu óbvia: depende de quem a assina. As reportagens da jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho, que acompanho há anos, são sem dúvida literatura, excelente literatura.

Alexandra viajou largamente pelo Oriente Médio, Afeganistão e América Latina, quase sempre em serviço para o jornal Público. Destas viagens resultaram um conjunto de títulos: Oriente Próximo, sobre as relações entre israelitas e palestinos, Caderno afegão, e Viva México.

Nas reportagens de Alexandra, como na maioria dos bons romances, há vidas que queremos acompanhar, e acompanhamos, personagens que continuam conosco mesmo depois que viramos a última página. Ao fim de todos estes anos continuo a ler Alexandra Lucas Coelho com o mesmo entusiasmo dos primeiros tempos, porque nos textos dela, como na vida, a surpresa nunca se esgota. Para além da curva do rio há uma história que se revela. Pequenos milagres e o seu fulgor.

Quando, no início deste ano, milhares de jovens egípcios ocuparam a praça Tahrir, no Cairo, para exigir o fim da ditadura, Alexandra pediu uma semana de férias, e foi viver a revolução. Portanto, este livro, que agora o leitor tem nas mãos, não resulta de um conjunto de reportagens encomendadas para um jornal. É, na verdade, o diário de uma viagem feita por iniciativa própria, o resultado do esforço generoso, da coragem e da dedicação de uma grande escritora, que decidiu testemunhar o nascimento de um grande sonho.

Era em Tahrir, pois, quando tudo parecia possível. Seis meses mais tarde, em plena Amazônia, para mais uma reportagem, Alexandra Lucas Coelho voltou a contatar, através da Internet, alguns dos personagens que conheceu na praça Tahrir: Sherif, editor de livros de arte, cavalheiro de cachimbo, continua a bater-se contra a violência policial. O seu amigo Pierre, que na sua casa, com vista para a praça, recebeu dezenas de jornalistas, colocou no Facebook uma frase de Camus: “Há algumas causas pelas quais vale a pena morrer, mas nenhuma pela qual valha a pena matar.”

Este é um livro que orgulha qualquer editora.

José Eduardo Agualusa

Sobre a autora

Alexandra Lucas Coelho nasceu em Lisboa, em dezembro de 1967. Estudou teatro e comunicação. Foi editora do caderno literário e de cultura do diário português Público, onde atualmente é repórter especial. Nos últimos dez anos trabalhou sobretudo Oriente Médio e Ásia Central. Viveu em Jerusalém como correspondente entre 2005 e 2006. Antes de Tahrir publicou três livros: Oriente Próximo (2007), Caderno afegão (2009) e Viva México (2010). Em fins de 2010 mudou-se para o Rio de Janeiro, para cobrir o Brasil.