Dicionário de silêncios, Luiz Arraes

02.07.2012 - Livro

Sobre o livro

Os leitores vão encontrar neste livro pelo menos duas qualidades que se destacam imediatamente: a rapidez e a sutileza. Os contos podem ser lidos em poucos minutos, num abrir e fechar de olhos, para usar o lugar-comum. Mas tudo se realiza com uma habilidade de quem conhece os caminhos da narrativa, sempre num jogo de artífice. Por isso é preciso não se enganar: a rapidez tem seu preço, sua armadilha de silêncios, sua estratégia de segredos.

“A luz e a fresta” e “Tarde em Lisboa” são exemplos de contos que podem integrar uma dessas grandes antologias em que estão reunidos os melhores de cada parte do planeta. Sem exagero. Sem qualquer exagero. Basta acompanhar a criança de “A luz e a fresta” na sua solidão de dor; ou o homem da tarde em Lisboa com lágrimas no fim do dia.

Há em Luiz Arraes aquilo que costumo chamar de simplicidade com sofisticação. Ou seja, o texto chega aos olhos do leitor com aparente — reiterando: com aparente — facilidade. De leitura rápida e fácil. Sim, fácil, porque são frases quase sempre curtas, simples, e ali está escondido um universo humano que se debate, que se joga no abismo da sofisticação, da elaboração paciente de cada palavra.

O que se diz é apenas para aguçar a sensibilidade do leitor. E se este tiver o cuidado de observar o conjunto da obra, o desenvolvimento dos contos, o amadurecimento do texto, observará que Luiz Arraes foi se tornando cada vez mais hábil, alcançando uma espécie de silêncio narrativo que somente se encontra em autores com absoluto domínio da técnica.

Raimundo Carrero

Sobre o autor

Luiz Arraes nasceu no Recife em 1959. É médico, professor universitário e pesquisador na área de virologia. Autor de vários livros de contos e duas narrativas, tem textos publicados em jornais, revistas, antologias e blogs.