As mulheres do meu pai

29.06.2012 - Livro

 

As mulheres do meu pai, sétimo livro da carreira de Agualusa, surgiu de uma viagem que ele fez pela África com a intenção de escrever um roteiro para cinema. “A idéia inicial era fazer o guião e somente depois o romance, mas este acabou se impondo primeiro”, justifica. O resultado é uma narrativa feita em dois planos, alternando e inter-relacionando realidade e ficção. O autor cruza o relato de sua própria viagem com a da personagem Laurentina Manso, diretora de cinema e documentarista que atravessa a África Austral para tentar reconstituir a vida do pai, Faustino Manso, famoso músico angolano que deixou sete viúvas e 18 filhos espalhados por diversos países do continente.

Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a realidade é quase sempre mais inverossímil do que a ficção. Os personagens do romance que o autor escreve enquanto viaja vão com ele de Luanda, capital da Angola, até Benguela e Namibe; cortam as vastas areias da Namíbia e as suas povoações fantasmas, alcançando, finalmente, a festiva Cidade do Cabo, na África do Sul. Continuam, depois, rumo a Maputo, e de lá a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais; dali até à pequena ilha mágica, onde morreu o poeta Tomás Antônio Gonzaga. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho e das quais emergem, aqui e ali, os mais estranhos personagens.

As mulheres do meu paié um romance sobre mulheres, música e magia. Anuncia o renascimento da África, continente  afetado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos.

 O autor

Nascido em Huambo, Angola, em 1960, José Eduardo Agualusa estudou Agronomia e Silvicultura antes de se dedicar à literatura. Em 1988, publicou seu primeiro romance, ‘A conjura’. Seguiram-se ‘Estação das chuvas’ (1997), ‘Nação Crioula’ (1998), ‘Um estranho em Goa’ (2000), ‘O ano em que Zumbi tomou o Rio’ (2002) e ‘O vendedor de passados’ (2004). Seus livros já foram traduzidos para inglês, alemão, francês, espanhol, italiano, sueco, dinamarquês, bengali e catalão. Com os jornalistas Fernando Semedo e Elza Rocha, publicou em 2003 uma grande reportagem sobre a comunidade africana em Lisboa, intitulada ‘Lisboa Africana’. Sua participação na 1ª edição da FLIP – Festa Literária Internacional de Parati, em 2004, contribuiu para popularizar sua obra no Brasil.