A guerra dos bastardos, de Ana Paula Maia
29.06.2012 - Livro
Sobre o livro
Arrojo, inconformismo e muito estilo são características da literatura de Ana Paula Maia,
desde as primeiras linhas escritas pela autora fluminense para a net brasileira, batizadas
de folhetins pulp, até o seu début impresso em O habitante das falhas subterrâneas
(2003). Obras que deixaram nomes como João Gilberto Noll, Marcelino Freire e Luiz
Ruffato impressionados. A Editora Língua Geral lança agora a segunda obra da
romancista, A guerra dos bastardos, parte da coleção Ponta-de-Lança. “Neste livro o que
mais existe são homens de espécie diferentes. Um punhado de bastardos vistos de modo
peculiar”, aponta Ana Paula.
A guerra dos bastardos é um romance urbano, bem-humorado, emocionante e violento.
Mais do que degenerados, encontram-se personagens frágeis, inseguros e solitários, que
canalizam suas frustrações em gestos desmedidos e inconseqüentes. A psicologia dos
personagens é tecida mediante descrições breves e pungentes. Nesse sentido, a narrativa
da escritora parece sair das telas do cinema: um personagem toca um serrote e detona-se
uma gama de sensações aos olhos de quem lê a cena.
A obra revela uma conjunção de matizes: o tom tragicômico lembra as cores fortes de
Almodóvar; o ritmo fluido, vibrante, parece o rock-jazz de Miles Davis em seu Tributo a
Jack Johnson, grande boxeador negro; a luz ofuscante, lançada à intimidade sórdida de
seus personagens, remete os mais atentos a pop art de Andy Warhol ou à colisão plástica
de Francis Bacon; o estilo despido de ornatos é vizinho das narrativas de Kerouac.
Um dado significativo, que particulariza a violência urbana desse romance, é o fato de sair
do cenário das favelas. Os personagens estão no asfalto, trabalham no coração da cidade,
estressam-se como um secretário de empresa multinacional. Os criminosos parecem
homens comuns, exauridos por um cotidiano maçante. O ator de filme pornô sente-se
esgotado depois de tantas ereções; a boxeadora talvez prefira uma casa no campo, por
mais que tenha amor pelo punho em riste. É dessa maneira que A guerra dos bastardos
absorve os leitores.
A autora
Nascida em 1977, na cidade de Nova Iguaçú, na Grande Rio, Ana Paula Maia publicou
seu primeiro romance em 2003, O habitante das falhas subterrâneas (Rio de Janeiro:
7Letras) e, em 2006, o primeiro folhetim pulp da internet brasileira, Entre rinhas de
cachorros e porcos abatidos (www.folhetimpulp.blogspot.com). A escritora participa
ainda de diversas antologias, entre elas: 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura
brasileira (Rio de Janeiro: Record) – organizada por Luiz Ruffato -, Sex´n´Bossa e Contos
sobre tela.
Aclamada como uma das melhores contadoras de histórias de sua geração – como bem
define Santiago Nazarian na orelha do livro -, a autora confessa acreditar que a literatura
é feita por degenerados sobre degenerados: “Não importa o gênero, a vertente literária;
somente degenerados podem se dedicar a espremer a alma, a perder o fôlego em troca de
um punhado de parágrafos”, dispara. Visite seu blog: www.killing-travis.blogspot.com