Os malaquias

Se um nome define aqueles que o carregam, então Malaquias é nome de gente viva. No intrincado novelo de histórias que constituiu o romance de Andréa del Fuego, cada personagem é uma pessoa. A vida é-lhes soprada por aquilo que é matéria da literatura: a linguagem, os nomes. Aqui, as palavras têm cheiro e sabor, podem ser sentidas com a ponta dos dedos, possuem temperatura.

As páginas que acompanham os Malaquias, que os fazem nascer, viver e morrer diante de nós, são feitas de assuntos infinitos – terra, céu – são feitas de distância e de aqui. Aqui mesmo, o teu rosto, o meu rosto, nós. “Vida” é uma palavra grande, constituída por palavras grandes, nestes capítulos, nestes anos, Andréa del Fuego não teme nenhuma delas, mistura-as com a natureza: natureza humana e natureza-natureza.

Por essa via, as personagens vivem, o mundo destas páginas vive e nós, leitores de milagres, vivemos também. Somos parte dessa mesma natureza, existimos nesse mesmo tempo de gerações, de bênçãos ou maldições eternas, esse tempo como um raio que fulmina ou como água que afoga, também nós somos donos de uma memória, que é do tamanho da Fazenda Rio Claro, pelo menos. Vale a pena ler Os Malaquias para sabermos de nós próprios. Um dia, depois de tudo, se estivermos à altura da vida, cada uma das nossas histórias fará parte de uma vertigem como a que é descrita nestas páginas.

Então, talvez possa haver leitores a se emocionarem, a se sobressaltarem, a se deslumbrarem, como acontece ao longo desta obra magistral de Andréa del Fuego.

José Luís Peixoto

Gênero: Ficção
Dimensão: 13 x 18 cm
ISBN: 978-85-60160-50-1
Número de páginas: 272
Preço: R$ 31,00