Laranja seleta

Há muitas entradas e saídas na poesia de Nicholas Behr. Como se trata de uma poesia em que a noção de movimento, do lugar de onde parte o autor em direção ao mundo, e de seu próprio caminhar é fundamental, essa idéia de situações em movimento, que se fecham e se abrem para o poeta, está muito presente.

A poesia de Nicholas, para mim, é a poesia do homem que se move, do homem em travessia, que sai de um ponto em direção a outro. Num certo sentido é uma poesia da geometria do caminhar, de um traçado que se torna aparente na luz do movimento. Nesse ir e vir, é a poesia de um homem que se pensa, que se busca e que estabelece uma interlocução permanente e desesperada com o espaço imediato e contíguo – a cidade; no caso Brasília, a qual retrata, de modo intermitente, o real em sua pseudo-aparência ou verdade, espelho em que este homem procura o contorno de si.

Uma poesia que sofre o impulso simultâneo da ânsia da busca, que pode ser a da inocência que se encontra perdida em algum tempo e lugar, e que muitas vezes pode ou não retornar no desejo pueril de recuperá-la; ou da perplexidade de quem se encontra confrontado com um feixe de caminhos e pretende dominá-los com os recursos de sua vontade.

Nessa medida é uma poesia que corre permanentemente o risco de não se alcançar e ao correr esse risco se desvela não apenas no que efetivamente conquista mas na comovedora grandeza e coragem de todo o seu percurso.

Francisco Alvim

Gênero: Poesia
Dimensão: 13 x 21 cm
ISBN: 978-85-60160-17-4
Número de páginas: 172
Preço: R$ 30,00