Brasilíada Autor, Nicolas Behr

02.07.2012 - Livro

 

Sobre o livro

durante a construção de brasília/ o tempo não existia.

A cada poema, letras minúsculas e poucas palavras — suficientes para deslocar certezas e transportar o leitor a outra dimensão, não-lugar onde passado, presente e futuro se fundem e a história oficial se turva diante das visões do autor.

Então começa o bombardeio de imagens. Os profetas silenciam, o ufanismo se desmancha. Aos poucos, a capital desmorona dentro do leitor. Em meio às ruínas, o poeta-arqueólogo junta peças da memória e do desejo para reinventar a cidade inventada. Convém, contudo, não se iludir ao longo da vertiginosa jornada de sucessivos alumbramentos; se o ponto de partida é a Ilíada de Homero e esgares de Clarice e Drummond surgem ao longo do percurso, o guia não enleva nem amacia — prefere cegar nossas retinas com o que sobrou da própria perplexidade. Não sem humor, percorre antigas civilizações para confrontá-las com a cidade perdida dos candangos. Emudece oráculos, desenterra carimbos, decifra esfinges, escracha burocratas, desmonta maquetes.

teu passado sou eu/ e tua tradição começa aqui.

Impiedoso, amoroso, amargurado, épico, estoico, apocalíptico, desintegrado; dono do seu labirinto. Eis Nicolas Behr, o homem que pega Brasília pelas asas e a arremessa contra os mitos.

Carlos Marcelo

Sobre o autor

Nicolas Behr (Nikolaus von Behr) nasceu em Cuiabá em 1958, e mudou-se para Brasília em 1974. Em 1977, lançou seu primeiro livro, Iogurte com farinha, em mimeógrafo, vendendo oito mil exemplares de mão em mão. Em agosto de 1978, após ter escrito Grande circular, Caroço de goiaba e Chá com porrada, foi preso e processado pelo dops por “porte de material pornográfico”, sendo julgado e absolvido no ano seguinte. Até 1980, publicou mais dez livros mimeografados. A partir desse ano, passou a trabalhar como redator publicitário. Em 1982, ajudou a fundar o move — Movimento Ecológico de Brasília, primeira ong ambientalista da capital federal. Em 1986, abandonou a publicidade para trabalhar na funatura — Fundação Pró-Natureza, onde ficou até 1990. Dedica-se profissionalmente, desde então, à produção de mudas de espécies nativas do cerrado. A partir de 1993, voltou a publicar livros de poesia. Em 2008, seu livro Laranja seleta: Poesia escolhida (1977-2007), publicado pela Língua Geral, foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura. É sócio-proprietário da Pau-Brasília Viveiro Eco.loja. Adora Brasília.